domingo, 9 de junho de 2013

Vinda de estrangeiros não acabará com deficit de médicos, diz diretor






Vinda de estrangeiros não acabará com deficit de médicos, diz diretor de ministério

JOHANNA NUBLAT
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA
A polêmica proposta de trazer médicos formados no exterior para atuar no país não será suficiente para atender a necessidade de profissionais na atenção básica.
A avaliação parte do responsável pela coordenação da área no Ministério da Saúde e foi parar na internet.
Em encontro há três semanas com a Denem, entidade de representação dos estudantes de medicina do país, o diretor Hêider Pinto detalhou pontos do programa e defendeu a iniciativa do governo federal.
Ele reconheceu, entretanto, que a vinda desses profissionais não atenderá a demanda futura. Os alunos gravaram a conversa e a colocaram no YouTube.
"A presidente Dilma Rousseff exigiu que a gente fizesse um plano para que, em 2020, cobríssemos toda a população brasileira", disse.
Editoria de Arte/Folhapress
Para isso, explicou, é preciso um salto dos atuais 33 mil médicos que atuam na saúde da família para cerca de 50 mil profissionais.
"Mesmo o Provab [programa que envia médicos para o interior em troca de pontos na residência] dobrando de tamanho no ano que vem, vai faltar gente. Vamos ter lugares esperando profissionais virem", afirmou Pinto.
Questionado, o ministério não comentou as falas do diretor e explicou que a meta consta do plano plurianual proposto pelo Executivo.
O diretor argumentou que não há desemprego de médicos no país. A conta da pasta é que enquanto 19 mil empregos foram abertos em 2011 para a categoria, apenas 13 mil profissionais se formaram.
CUBA
Aos estudantes, Pinto esclareceu a polêmica sobre a vinda de 6.000 médicos cubanos, anunciada pelo ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores).
Segundo ele, esse é o número ofertado pelo governo cubano ao Brasil. "Na proposta, Cuba está selecionando médicos com mais de nove anos de atuação, especialistas em saúde da família."
Além dos cubanos, continuou, o país recebeu a oferta de cem médicos da Universidade de Bolonha (Itália) e mais de mil profissionais da Espanha.
O diretor fez questão de aproximar esse programa, em discussão no governo, ao modelo do Provab -que prevê supervisão por universidades, tutoria e telessaúde, em que as orientações médicas são repassadas à distância.
Os estudantes questionaram o alcance do entendimento da realidade brasileira dos médicos estrangeiros.
Pinto argumentou que o profissional não estará sozinho no serviço: "Ele atua numa equipe, e a equipe dele é toda brasileira".
Para o CFM (Conselho Federal de Medicina), essa estratégia não vai resolver a falta de médicos no interior pela falta de uma política de fixação, como a melhoria da estrutura de trabalho e a criação de uma carreira federal.
Roberto D'Ávila, presidente da entidade, criticou o Provab. "O programa foi desvirtuado, reproduziu a mesma distribuição demográfica desigual e falta estrutura".




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